"Inspirado nas aulas do professor Camilo"
Bateram-lhe a porta. Acordou assustada e despida do branco da camisola, vestiu-se sorrateiramente o jaleco escuro, a visão era turva, não acordara de fato. Passos fortes cintilavam no chão, lavou o rosto com água fresca, esfregou as mãos na pia, observando a água que escorria pelo ralo. Não tinha toalha, apenas o espelho, secou na roupa. Voltou para o quarto, mexeu nas gavetas,bagunçou, arrumou, encontrou. Era aqueles de bolso bem antigo, cheirava a bolor, mas não importou-se.
Houve uma nova batida na porta. Derrubou na penumbra, sem querer, o incenso que deixara aceso na noite passada, não limpou. Fechou o armário, pegou as moedas da penteadeira, colocou-as no bolso. Parou, por um instante. Fitou o retrato da cabeceira, durante segundos, que perduraram mais do que supunha-se.
Pela terceira vez, bateram-lhe a porta. Saiu e não voltou mais.
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